Vento

Poucos instantes que nos separam de uma boa memória,
Lábios ainda com a sensação fantasma de um beijo,
Sorrisos e risadas que ecoam ainda pelo ouvido,
A compreensão no silêncio, sem necessidade de palavras.

Sinto-me depois de uma longa e fria chuva, abrindo a porta de casa,
Sentindo a casa calorosa, receptiva com sons de felicidade e vozes de familiares conversando,
Misturado às risadas das crianças que correm pelas paredes, teto e tornam a casa mais viva, cheia de cores,
Retiro minha roupa contra o frio, minha armadura de ferrugem, porque dela não preciso mais.

Abro as asas, penas ruivas, loiras e negras misturadas,
Pois em casa se pode ser quem é.

Encontro-a andando por aqui. Ela está apenas de passagem, como todos estamos,
Livremente entrando e saindo pelas novas portas, janelas e clarabóias abertas nas paredes,
Paredes tão finas agora, que é fácil confundí-las com panos.

A casa inteira pode, a qualquer segundo, ser levada pelo vento.

Eu não ligo.

Vento, pode até me levar.


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