Quem são eles? - Clara Noleto
Existe aquela hora que tudo que quer é escrever. Nada mais importa, nada mais interessa, você quer colocar lá fora aquilo que resta. Tudo vai embora, até as memórias são tão cruéis que me sinto uma puta sem bordéis. A pele ainda sente, os lábios ainda quentes, daqueles dias antigos que pra sempre foram embora. Seus lábios tão macios, seu peito tão quente, deitada nos seus braços, meu ar era infrequente. Os prazeres e o sabor, fugiram pra bem longe, deixando só um frio que na pele cola, debulhador, tornando momento, poema com ligeiro rubor. Sei que estou perdida, implorei para você me salvar, mas quem não pode salvar a si mesma, em nada pode ajudar. Hoje consigo abrir meus olhos, pensar nessas velhas memórias, vôo com as asas presentes, aquelas que você pregou nas minhas costas, aquelas que eu achei que tinha deixado no seu quarto. Espero que você esteja longe. É verdade, não consigo mais viver perto. Espero que você esteja morto, é verdade, um de nós tinha que morrer. Espero que você e