Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Vento

Poucos instantes que nos separam de uma boa memória, Lábios ainda com a sensação fantasma de um beijo, Sorrisos e risadas que ecoam ainda pelo ouvido, A compreensão no silêncio, sem necessidade de palavras. Sinto-me depois de uma longa e fria chuva, abrindo a porta de casa, Sentindo a casa calorosa, receptiva com sons de felicidade e vozes de familiares conversando, Misturado às risadas das crianças que correm pelas paredes, teto e tornam a casa mais viva, cheia de cores, Retiro minha roupa contra o frio, minha armadura de ferrugem, porque dela não preciso mais. Abro as asas, penas ruivas, loiras e negras misturadas, Pois em casa se pode ser quem é. Encontro-a andando por aqui. Ela está apenas de passagem, como todos estamos, Livremente entrando e saindo pelas novas portas, janelas e clarabóias abertas nas paredes, Paredes tão finas agora, que é fácil confundí-las com panos. A casa inteira pode, a qualquer segundo, ser levada pelo vento. Eu não ligo. Vento, pode at

História Experimental: Vosso Monstro pt. II - fim

Imagem
Parte I -- Não há culpa de modo algum em vossa senhoria. É chegada a hora de deixar tal lugar asqueroso e mortal. Os demônios já se serviram demais de meus mil pedaços. Quando não houve mais nada para alimentá-los, enfim se cansaram. Os dias passaram depressa enquanto estive fora. O céu hoje está totalmente azul. O astro celeste aquece a terra enquanto a piso e ilumina o caminho para que alcance a ti. Nunca estive tão vazio, e mais ainda, nunca soube que uma casca vazia poderia andar. Ando passo a passo e ouço o eco, dentro do peito, reverberar. Que doce é respirar o ar livre! O vento faz cócegas em meu rosto e passeia pelas minhas cicatrizes, como um amigo que há muito não se vê e logo faz com que se sinta bem. Olho à minha volta e as montanhas amarelas se erguem imponentes, os meus pés afundam pois o terreno é movediço. Mas melhor é estar fora do Inferno ao qual habitei por tanto tempo! -- Caminho por mais tempo do que vivi e não encontro lugar algum. Para onde foi o mu

Quase um segundo - Paralamas do Sucesso

Imagem

eu já não sinto

Eu desisto. Realmente, não faz o menor ou mínimo sentido. Como uma pessoa uma vez me disse "Talvez a vida não faça sentido". Muitas vezes, temos as pessoas tão perto e tão próximas que podemos amá-las, mas não amamos. Podemos falar sobre o dia, sobre a vida, sobre as dúvidas, infortúnios, idéias e memórias, mas então tudo se esvai antes das palavras se formarem nas nossas línguas e nunca é como era antes. Poderia ser melhor. Nãaao... Nunca poderia ser melhor. Assim como esse texto. Não faz o menor, nem minúsculo sentido. Mas absolutamente não poderia ser melhor. Poderia? Eu estou aqui, observo você. Te vejo, te toco, te abraço, te beijo. Talvez até te ame. Mas quando olho para ti, não consigo ver como é viver embaixo de tua pele. Quero saber, realmente quero. Quando tento olhar nos teus olhos, me esgueiro pela borda da sua pupila pra saber como é viver dentro de ti, Daí, Sinto uma parte do teu desespero com um misto de caos. Sinto empatia e uma fatia diabética de

Escreva sua alma

Grande parte do que se vive, se vive só. Quando se está andando nas ruas, pensando em lugares distantes ou no próximo instante, não há como saber o que o outro sente, o que o outro pensa, se respirar não incomoda ou se amar não dói mais. Simplesmente não há como saber. Cada corpo é como um invólucro fechado à vácuo, um Universo particular e limitado pela pele. Embaixo da pele, tudo que se sente é individual. Acredito essa ser a maior dor de viver. Muitos dias se passaram e mais ainda depois, desde que a primeira pessoa olhou para uma segunda pessoa e se importou. Se importou com o que ela sentia, o que ela pensava, sonhava e sorria. E ainda sim, mesmo com tanto tempo, parece que as pessoas nunca realmente entenderam esse sentimento. O real significado da palavra "empatia" parece extremamente perdido. Talvez seja apenas minha visão, sem nenhuma dúvida, as pessoas podem e provavelmente estão erradas ao tentar construir afirmações absolutas. Mas, desde que me lembro de começar