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Mostrando postagens de outubro, 2016

Tingida

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Tingida                                                                  de Ruth Mellina; Azul, vermelho ou verde? Só se pode escolher uma cor. Ela nunca havia pensado o quão difícil seria a escolha, Até que teve de escolher. Tudo começou com o azul. Sempre fora tranquilo, sereno. Era sinônimo de paz.   Ao seu lado, o futuro apontava para o previsível, para o estável.  A vida seria um pêndulo, cuja oscilação não mudaria a frequência.  Foi quando surgiu o vermelho. Intenso. E o núcleo de calmaria se desfez. Apresentou á ela a vida que estava acostumado a viver. E vivia intensamente. Sem medo de sentir, de falar, de agir.  A vida poderia ser outra. Contrastes e contrastes. Nada certo, tudo indefinido. Emoções e emoções. Vai e vem de sensações. Parecia mais interessante, Porém, não poderia se apegar a nada.  Tudo seria passageiro, as coisas seguiriam para onde o vento as levassem.  E o vento soprava, de um lado para o

Tudo sobre agora

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Entretanto os poucos segundos que separaram esses dois momentos entre estar aqui e não estar mais, me dividiram tanto que não sei mais descrever tão bem o que me tornei. Sinto minha pele, meus limites e minhas vontades. Sinto a realidade, sua textura, sua habilidade em me prender em seus pequenos prazeres e em seus ligeiros detalhes. Tão efêmeros, tão instantâneos. Nada perpetua em um mundo cinza. Tudo é monotonia. As cores outrora claras e próximas, agora estão tão distantes... E eu queria apenas um olá. Talvez seja um pouco exigente demais, um pouco derradeiro demais, esperar algum, sequer qualquer um final feliz. Não há finais felizes, não se deve esperá-los. A mente flui entre as palavras de um modo impossível de prever ou sequer testemunhar. Estamos entre dois instantes. Estamos presos entre dois Universos, um lugar vazio, o limbo eterno no qual todos os seres humanos entram e não estão simplesmente acostumados, mas claro, presos, não seria de outra forma, não poderia ser. E

Eu sei, mas não devia | Marina Colasanti

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Terra Grande

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Terra Grande Quadro de Daniel Tavares                                                             de Ruth Mellina; O grande Idemoni que os assolam fez mais um aniversário.  Ele, que atravessou o deserto,  soprando as areias carregadas da fome,  Carregadas da seca. Ele, que foi além das estepes,  Selou o cruel acordo. E a mãe-terra chorou as lágrimas de marfim,   Aos pés da dissimulada civilidade.  Ele, que separou os irmãos com fronteiras de sangue,  Forçou o encarar entre contendedores, O enxergar da velha dor de um povo Bem nos olhos do inimigo que a gerou. Ele, que pontilhou as gramas das florestas, As savanas, as terras secas. Com o sangue dos valentes o fez. Segmentou o terreno, os laços, as esperanças. O demônio que trouxe a seca, Que trouxe a miséria, Que trouxe a dor. Ele trouxe, também, guerra. As crianças, antes, fantasiavam na lama,  A transformava em poços cristalinos de água. Criavam um paraíso no mei