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Mostrando postagens de julho, 2017

Sonhos de gaveta

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Ontem estava organizando meu quarto, e encontrei, entre várias folhas antigas uma pequena torre.  Ela estava abandonada ali no fundo da gaveta e trouxe algumas recordações de quando a coloquei lá.  Havia acabado de ir mal em muitas disciplinas, a situação financeira daqui de casa ia de mal a pior.  Não tinha dinheiro pra ir estudar na UFMG de ônibus, nem pra pagar o almoço ou um lanche lá. Essa pequena torre ficava bem à frente do meu olhar, d esde que ouvi falar sobre a oportunidade de ir à França estudar em uma École. No dia em que soube que minhas notas não permitiriam ir, chorei um pouco.  Peguei essa torre e a guardei na gaveta...  Os sonhos que guardamos nas gavetas da vida. Agora que a encontrei, meu coração se enche de dúvida.  Pela segunda vez, algo que realmente quero coincide com a oportunidade que tenho, e  tenho um risco real a correr, que pode alterar o curso da minha vida completamente.  O que já era difícil aqui na UFMG, na França será mais complicado.

Carga Explosiva

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Então explodiu,  Como estrelas em colisão, E irradiou tudo de dentro de si.  Chamas de fogo e sentimento, Incêndio de faíscas,  Queimando de dentro pra fora.  E mostrou o que estava guardado, Amor, ódio, saudades,  Sacudindo um manto quente de verdades.  Bomba há muito comprimida, Sufocada enquanto desarmada,  Se libertou ao ser detonada.  Revelou sua grandiosidade,  Espalhou as luzes de seu brilho avassalador,  Como supernova de emoções.

Um pouco de dadaísmo

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A     s                                                       tudo                        v                           e                                O que                               z                                                        V O C Ê                                   e                                       s                                                                        p r e c i s a  é         apenas                                                                               G   R   I   T   A   A   A   A   A   A   R  correndo, olhando para todos os lados chorando todas as suas alegrias                                            L o U c A m E n T e sorrindo todas as suas tristezas                                                          L u C i D o HAHAHAHAHAHAHAHAHAH              Porque é o relógio deles que não para e eles correm contra o tempo para serem felizes todos os dias agora mesmo estão andando de um lado para o outro t

se eu corro

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Temos esses pequenos espaços que sempre restam entre nós Não é totalmente nossa culpa, a existência deles Seria o mesmo que culpar o vento que sopra por ser frio ou quente demais Mas é perigoso para seres adaptáveis imaginar que eles não o são É considerar-se prisão antes de se dar a chance de voar Todo percurso tem guerras cruas e nuas Todo caminho tem pedras E inevitavelmente Possui estes pequenos espaços entre nós dois

Caneta e Papel

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                                                                         Os Arrais - Caneta e Papel Meu bem me dê a sua mão Ao entrarmos juntos na embarcação Pro outro lado do mar Além do que o olho vê Com o vento em nosso favor Não temos o que temer Tempestades certamente irão nos alcançar Longe no alto mar sem uma estrela a nos guiar Mas a calmaria virá Com águas tranquilas em mãos Na luz que dá nome à manhã Mais perto estaremos do lar Meu bem não esqueça caneta e papel Pra pôr em palavras o que iremos ver Na rota diante de nós Descrita por nossas mãos O que mapas não podem dizer Com traços, com pontos, e vãos Meu bem me dê a sua mão Ao entrarmos juntos na embarcação

Atelier de um ditador

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  Rostos segmentados e marcados. Os fechos encaixados nas faces tampam a visão, Calam as bocas, Sufocam o respirar, Abrem poros latentes, Com zíperes percorrentes, Capazes de virar caras do avesso, Expor veias, artérias, sangue, Escancarando com desprezo, Caso alguém tente rasgar ou tente descosturar os fios que escondem os fatos E que estofam fala entupida. O estilista sádico reforma os manequins, Trabalhando com seus delicados apetrechos: Agulhas, opressão, alfinetes; Tesouras, imposição, estiletes. Molda cada lote de cabeças, padronizando todos eles iguais.