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Mostrando postagens de janeiro, 2015

História Experimental: Vosso Monstro pt. I

Eram dias belos aqueles. Te observava enquanto levantava-se. Fingia estar dormindo, pra mais tempo ter para ti mesma. Tu sempre esticava teus braços o máximo que podia, bocejava abrindo bem aqueles teus lábios finos com curvas nos cantos da boca que emolduravam tua face singela. Teus grandes olhos ainda enchem meus pesadelos, desenho-os nas paredes do quarto, como para tentar expulsar tal imagem de minha memória. Mais ainda, tento expulsá-los de minha alma.  Lembro-me de teus amanheceres tanto quanto vosso adormecer ao meu simples lado. Vossa respiração misturava-se à minha antes da noite nos alcançar. Dormia respirando o mesmo ar que a ti preenchia os pulmões. Sonhava sonhando os mesmos sonhos que a ti inspiravam à vida. Soube no momento em que a vi, pela primeira e pela última vez, uma mesma coisa: Que eu a amaria até não mais respirar. Sorte que sei segurar a respiração e isto que pensei não foste para sempre. Se não, me mataria. Como matou naquela cidade onde os pobres de alma s

Aquamarine stone

Estou distante. Esses dias me deixaram distante. Mas ao mesmo tempo estou tão próximo. Enquanto digito essas teclas, sinto a pressão de cada letra sob cada dedo meu ... mas minha mente vagueia em oceanos de memórias. Eles me trazem os ondas como teus cabelos. Me lembrar do seu abraço, da vontade desesperada de estar ao seu lado. As lágrimas desciam naquela época... Hoje não sobrou nenhuma. Hoje só sobrou a dor de lembrar pra sempre de momentos que nunca mais viverei. O perigo de viver no passado é que não se sabe o que ele trará. Da mesma forma como se vive cada dia, sem saber o que acontecerá no futuro, não há um modo seguro de prever o que acontece quando as memórias de ti no meu passado me afogam. Às vezes me sinto afogado. Sem ar, sem tempo e sem esperança. Indo cada vez mais fundo, mergulhando profundamente nesse oceano que me atrevi a descobrir. Cada vez mais, a luz desaparece e a água se torna mais turva. Águas escuras, sem luz em parte alguma. Será que existe alguém l