Postagens

Mostrando postagens de 2021

Cansado?

Como começar um texto que nunca deveria ter sido escrito? Sabe, alguns dias eu penso em apagar tudo. Viver com o mínimo possível. Sem toda essa pressão em ter itens, em resolver problemas inexistentes. A vontade humana é algo extremamente mutável e insaciável. Algo que me estranha nessa suposta vida adulta é esse lado tão encadeado e manipulador de algumas interações. Hoje foi um dia extremamente mentalmente cansativo. A batalha por poder que acontece numa discussão é tão promiscua e inútil. *** Escrito dia 7 de dezembro de 2020

Angélus

Imagem
Dos poucos momentos que compõem esse eterno tempo presente. Desprendo certezas duvidosas sobre a natureza da existência. Sendo que tão pouco faz sentido. Mesmo depois desse tempo todo. L'Angélus por Jean-François Millet foi finalizada entre 1857 e 1859. Millet supostamente se inspirou em sua avó ao pintar esse quadro. Sempre que ouvia os sinos da igreja anunciando o falecimento de alguém, ela fazia uma prece que se chama Angélus. Durante muitos anos na arte, o cotidiano não era considerado interessante. Millet foi um dos precursores desse movimento. Durante muitos anos na política e (talvez?) até hoje, o cotidiano não é considerado importante.

COVID

Estive pensando o que escrever numa época assim. Não possuo palavras. É uma situação tão nova e única. Acho que antes de tudo preciso me organizar. Organizar esses vídeos todos, todos esses estudos e todas essas notícias. A natureza faz uma ameaça à vida de toda uma espécie. E como essa ameaça é desigual.  As pessoas que acordam todos os dias às 5 horas da manhã pra pegar um ônibus lotado e ir trabalhar até se cansarem e voltarem às 21 horas são as pessoas mais expostas à essa ameaça.  Pessoas que não possuem acesso à internet e precisam ir ao banco para recuperar o dinheiro do auxílio emergencial.  53 milhões de brasileiros acima de 16 anos que vivem fora do sistema.  Acreditar que a liberdade do indivíduo e doações filantrópicas são tudo o que precisamos...  Nessa crise, mesmo famílias que investiram toda as economias em restaurantes, lojas e outras iniciativas se dedicaram tanto pra que isso desse certo. T odas essas pequenas empresas e pequenos negócios precisarão de ajuda fi

Quantos defeitos você pode conter?

Estranho é começar a escrever um texto na segunda à noite, depois de um dia bem cheio no trabalho. Não saber bem o que quer dizer e ainda sim, continuar escrevendo. As palavras tecendo frases sem muito sentido. As frases se emendando em parágrafos quase completamente desconexos. Uma imperfeição distante de toda aquela idealização que tínhamos quando éramos crianças. Queria que você estivesse aqui. A verdade é que nos últimos tempos, minha mente não tem estado no melhor dos lugares. Memórias fragmentadas e uma série infinita de arrependimentos que não converge pra nenhum ponto nesse espaço. Queria saber o que você faria se estivesse aqui. Vivendo os meus passos, respirando o ar que respiro. Segurando na mesma barra do metrô, falando frases em outro idioma parecendo uma criança balbuciando palavras sem significado, participando de reuniões cujo o único intuito é realizar mais daquilo que todos aqui aparentemente já tem. Seria fácil demais. Eu trocaria num piscar de olhos. Nunca fui de fi

O que há por vir

Imagem
Espero o melhor do que há por vir. E sim, o mero uso da primeira pessoa já é uma grande mudança pra mim. Eu sempre fui dessas, com a métrica rígida, no caderno e na vida, que sempre escreve na terceira pessoa. Diversos são os motivos pra isso: os mais rebuscados quinhentistas faziam assim; na escola de literatura, ensinam sobre manter abstenção; dizem que esconder o eu lírico pode te dar "liberdade" para falar, sem que saibam quem é o dono da história. Inclusive, eu nunca fiz algum texto, nem mesmo um período, na primeira pessoa. (esse é o primeiro)  Semana passada, meu orientador me disse sobre isso: "Evite sempre usar a forma passiva dos verbos, Ruth. Não use a terceira pessoa.". Pra mim, foi um tanto quanto estranho. Imagina, logo eu, que sempre me escondi atrás dos textos. Sim, me causou certa estranheza. Mas, ao mesmo tempo, me fez pensar sobre todo o resto. Claro, somando-se a tudo que tenho vivido nas últimas semanas.  Quanto mais eu olho pra essa foto, mais