Quantos defeitos você pode conter?

Estranho é começar a escrever um texto na segunda à noite, depois de um dia bem cheio no trabalho. Não saber bem o que quer dizer e ainda sim, continuar escrevendo. As palavras tecendo frases sem muito sentido. As frases se emendando em parágrafos quase completamente desconexos. Uma imperfeição distante de toda aquela idealização que tínhamos quando éramos crianças.

Queria que você estivesse aqui. A verdade é que nos últimos tempos, minha mente não tem estado no melhor dos lugares. Memórias fragmentadas e uma série infinita de arrependimentos que não converge pra nenhum ponto nesse espaço.

Queria saber o que você faria se estivesse aqui. Vivendo os meus passos, respirando o ar que respiro. Segurando na mesma barra do metrô, falando frases em outro idioma parecendo uma criança balbuciando palavras sem significado, participando de reuniões cujo o único intuito é realizar mais daquilo que todos aqui aparentemente já tem.

Seria fácil demais. Eu trocaria num piscar de olhos. Nunca fui de ficar muito tempo em cima do muro. Uma decisão a ser tomada é uma decisão que eu irei tomar. O caminho da indiferença nunca me agradou muito. E porque será que eu tenho tantos arrependimentos então? Toda decisão tomada carrega o peso de todas as decisões não tomadas?

Estive escrevendo. Esse tempo todo. Escrevendo minhas memórias mais íntimas, meus traumas mais profundos. Talvez seja esse o início do problema. Trouxe à tona problemas que nunca resolvi. E daí? Como se tudo isso importasse. As reflexões de um menino branco meio hétero e metido à um complexo de superioridade completamente medíocre. Se o caminho era outro, não vou ter tempo de descobrir. Não quero descobrir.

Amor vazio. Vazio de expectativas, de vontades, de objetivos mas não de desejos, paixões e liberdade.

Escrever limpa a mente. Coloca um sentido aos sentimentos flutuando dentro. Mas não escrevo tudo. Não posso escrever tudo. Se eu escrevesse tudo, estaria tudo escrito. Mesmo frases que não estimo ser verdade. Mesmo desejos que não tenho total certeza sobre.

Em Agosto eu volto. Por um curto tempo. Queria te ver. Você estará lá? A gente vai poder conversar? Eu tive que voltar pra cá. Deixei você por dois anos aí e quando voltei, você estava me esperando exatamente como quando tinha partido. O mesmo desequilíbrio entre a insegurança imatura e o orgulho egoísta. 

Quantos defeitos você pode conter Eric?

Talvez o mesmo tanto que estrelas no céu.

Ou almas no inferno.

De toda forma, a gente pode sair pra tomar um café no Mercado Central. Conversar com uns desconhecidos no pondeôns. Voltar pra casa cansado de andar de bicicleta depois de tudo isso.

Voltar pra casa? O que é casa?

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