O que há por vir

Espero o melhor do que há por vir. E sim, o mero uso da primeira pessoa já é uma grande mudança pra mim. Eu sempre fui dessas, com a métrica rígida, no caderno e na vida, que sempre escreve na terceira pessoa. Diversos são os motivos pra isso: os mais rebuscados quinhentistas faziam assim; na escola de literatura, ensinam sobre manter abstenção; dizem que esconder o eu lírico pode te dar "liberdade" para falar, sem que saibam quem é o dono da história. Inclusive, eu nunca fiz algum texto, nem mesmo um período, na primeira pessoa. (esse é o primeiro) 

Semana passada, meu orientador me disse sobre isso: "Evite sempre usar a forma passiva dos verbos, Ruth. Não use a terceira pessoa.". Pra mim, foi um tanto quanto estranho. Imagina, logo eu, que sempre me escondi atrás dos textos. Sim, me causou certa estranheza. Mas, ao mesmo tempo, me fez pensar sobre todo o resto. Claro, somando-se a tudo que tenho vivido nas últimas semanas. 

Quanto mais eu olho pra essa foto, mais tenho vontade de estar nela. E é sempre assim: "vamos escrever, vamos nos expressar, vamos contar a história. Mas quem será o personagem que irá viver o que sinto?" Todas as vezes, é sempre assim. Confesso que é até mais difícil criar sempre um novo protagonista para as minhas ideias. 

Tenho tido vontade de rascunhar mais sobre o que está quase saindo pelas minhas cavidades. Mas a contenção sempre me venceu. Olhando pra esta foto, tenho vontade de contar o que sinto ao vê-la. Não creio que seja momento pra isso, pois ainda não evoluí a tal ponto. Mas talvez seja tempo de ao menos mudar um pouco, de sair da passividade da terceira pessoa, soltar alguns gritos atemporais. 

Olha só pra isso... Já sinto a vergonha em compartilhar um texto tão informal, que chega a ser vulgar perto dos textos quinhentistas que eu admiro. Mas de toda forma, esta sou eu, ou melhor, este é um pouco de mim, pela primeira vez. Puramente. É alguma coisa, alguma mudança. Disto, espero o melhor do que há por vir.