Sonhos de gaveta


Ontem estava organizando meu quarto, e encontrei, entre várias folhas antigas uma pequena torre. Ela estava abandonada ali no fundo da gaveta e trouxe algumas recordações de quando a coloquei lá. Havia acabado de ir mal em muitas disciplinas, a situação financeira daqui de casa ia de mal a pior. Não tinha dinheiro pra ir estudar na UFMG de ônibus, nem pra pagar o almoço ou um lanche lá.

Essa pequena torre ficava bem à frente do meu olhar, desde que ouvi falar sobre a oportunidade de ir à França estudar em uma École.

No dia em que soube que minhas notas não permitiriam ir, chorei um pouco. Peguei essa torre e a guardei na gaveta... 

Os sonhos que guardamos nas gavetas da vida.

Agora que a encontrei, meu coração se enche de dúvida. Pela segunda vez, algo que realmente quero coincide com a oportunidade que tenho, e tenho um risco real a correr, que pode alterar o curso da minha vida completamente. O que já era difícil aqui na UFMG, na França será mais complicado.

Acredito que a ação que mais pratiquei até agora foi resistir. Resista. Resista a este mundo perdido em supertições, olhares que julgam e determinam onde você deve estar.

Resista quando tudo desmoronar. Quando nada restar. Quando todos os sonhos estiverem na gaveta. Resista e nunca deixe de acreditar, mesmo que seja em silêncio no mais profundo recôndido da tua alma.

Resista.

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