Revisão de texto : Vida

Em 2009, escrevi meu primeiro texto no Croatt. Numa tentativa de explicar o que eu sentia, traduzir meus sentimentos em palavras. Eu tinha entre 15 e 16 anos na época... Queria colocar meus olhos mais uma vez nesse texto e fazer alguns comentários. O texto começa assim:

"Há na vida, vários jeitos de interpretá-la, 

Você pode compreendê-la como inacreditável,

Tudo sendo inesperadamente inesperado, e você acredita que as coisas acontecem por acaso, que para tudo há uma coincidência, humanamente lógica ou muitas vezes não-lógica, mas felizmente, não acredito em coincidências."


Eu vivia uma época de mudanças. Tinha acabado de trocar de escola e novas descobertas aconteciam na minha vida. Cada uma delas era um novo mundo que se abria e um amigo de infância meu, William, havia me dito que ele não acreditava em coincidências. Para tudo existia alguma explicação lógica e sensata.


"Você pode compreendê-la como um presente, uma dádiva de alguém que você acredita e/ou aprendeu ser "deus", alguém que você deve agradecer cada dia por estar respirando, por acordar e bla bla bla, mas então alguém morre e as palavras que você pensa são "Foi porque 'deus' quis". Através do que eu li e aprendi, vi que isso é usado apenas para limitar, significar, dar sentido à vida e às ações do homem, é apenas um tipo de coisa para suprir as fraquezas do homem, para tentar fazê-lo sentir-se melhor. Eu sempre pensei assim, não vou esconder isso de ninguém."


Era também um momento em que eu estava me questionando sobre a religião dos meus pais. Será que os ensinamentos que eles me mostraram eram verdade? Será que não eram apenas um meio de escapar a realidade da vida? Eu descobri mais tarde que existem milhares de religiões no mundo e que cada uma pensa estar mais correta que a anterior.


"Você pode compreendê-la como um erro,


E passar a vida toda, reclamando de tudo, e todos, e que nada nunca dá certo, pensando pequeno e achando que deve manter seus pés no chão, que deve cortar os pulsos, pintar o cabelo de preto, fazer chapinha e sair chorando por aí. O que eu acho, pessoalmente, ridículo."


Na época existia uma corrente muito forte de adolescente que se descobriam góticos. Me identificava com eles e embora quisesse fazer parte, eu não seria nunca aceito pela minha família se o fizesse. Alguns anos mais tarde eu o fiz. A reação não foi menor do que a esperada. 


"Você também pode compreendê-la como um nada. Sendo que você nasce, não faz praticamente nada útil para o mundo, vai a baladas, festas, "beija muito", dinheiro, mulheres e no fim, você morre, e ninguém vai sequer lembrar que você existiu, pois você foi apenas mais um "querendo aproveitar a vida ao máximo". Eu acho que esse parágrafo faz sentido para alguns, principalmente a maioria, mas eu admiro as pessoas que não fazem parte desse, e sim do próximo."


Minha busca por objetivo partia de um princípio simples: o que eu observava ao meu redor não era o que eu queria experimentar. Deveria existir algo além da vida. Algo além do que os meus colegas, amigos e namoradas queriam e faziam. E existe. Mas era impossível de saber naquele momento e naquela época.


"Finalmente, a mais interessantes das opções, e sim, talvez a que seja mais que apenas palavras e a que mais vale a pena, a de poder mudar sua própria história, imortalizá-la, e que pelo menos, mais que meia dúzia de pessoas consiga lembrá-la, como sendo alguém que acrescentou algo à espécie humana, alguém que merece ser lembrado não por ter feito algo ridiculamente estúpido, mas por algo "massa"."


Era o início da minha busca por conhecimento... como o ET Bilu recomendou alguns anos mais tarde.


"Aos que acham que a última opção vale realmente a pena, só tenho a dizer, que continuem a "viver e aprender", e que não seja lembrada apenas uma frase, mas ao que ela representa."


É impossível para alguém que vive, não aprender. Essas duas palavras faziam todo o sentido para mim nessa época. Foi o que eu senti como sendo o primeiro pensamento que me pertencia totalmente. A partir dele, tudo foi construído.


"Os Humanos, sempre estarão prosseguindo, crescendo, se evoluindo, considere sua vida mais que apenas um pedaço de nada, mude a história, como vi outro dia, as perguntas movem o mundo, e os humanos, são feitos para questionar."


À parte a neblina de julgamentos e preconceitos que sentia na época, existe uma verdade nesse primeiro texto. Nós fomos feitos para questionar. A desconstrução começava ali para mim. Algo próprio de todo o quebra-cabeças que me foi apresentado desde que nasci. A única maneira de separar e criar minha própria concepção do real era seguir esse caminho. Escolhi o caminho mais difícil, o caminho da incerteza e isso fez toda a diferença.

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