A estrada







 A estrada era de terra
E a terra era preta.
Por ela se passava a vida,
Estrada longa, estrada imprevisível.

Bifurcações, segmentos retilíneos.
Superfícies aplainadas, ladeiras difusas.
O caminho por cada um era feito de uma forma,
Mas só se caminhava sozinho.

Havia uma peculiaridade:
Não se podia andar para trás.
Passos a frente, levados pelo vento,
Cada um recrudescia o peso.

Via-se o caminho já percorrido,
Mas com o passar do tempo, era difícil enxergar o começo.
Estrada negra, longa.
As lembranças se apagavam.

Mas ela deixou um rastro de pólvora ao longo do caminho.
A pólvora era invisível na estrada.
Mas ainda estava lá.

Então, quase no fim da caminhada,
Onde já não restavam sentimentos, sensações, rostos, algo pelo que aspirar,
Ela acendeu uma faísca que tocou o chão.
E a chama que foi se ascendendo iluminou todo o caminho.

Agora via-se o começo, pois havia luz.
E o fino feixe de pólvora, na negra estrada de terra, resgatou todas as lembranças,
Momentos vividos ao longo da estrada,
Vida.


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