Sou

Eu sou.

Sou o vento. Tenho vários nomes, em várias religiões, e várias histórias foram contadas comigo sendo ator coadjuvante, entre amores de uma mulher com um homem, entre histórias de solidão, aventura e frio.

Vou aonde quero, viajo, e tenho a sabedoria de bilhões de anos para saber que mesmo para mim, tão velho, ainda sou um grande ignorante. Me perco de raiva, e minhas ações se tornam destrutivas como um furacão.

Mas atrás de toda raiva, existe também calma. Quando vôo através dos cabelos de uma dama e toco carinhosamente seu rosto. Ou quando sopro através de rios e vales buscando apenas encontrar a felicidade.

Às vezes levo comigo lágrimas, lágrimas de corações apaixonados e partidos, ou lágrimas de felicidade de pessoas que acabaram de se apaixonar.

Outros momentos eu simplesmente danço com a chuva, e em nossa dança, acabamos molhando muitas pessoas.

Mas a verdade é que sou sozinho, talvez por opção, porém, sem muito a escolher.

Sou como um mochileiro, viajo pelo mundo, com milhares visões e detalhes.

Analisando e observando cada âmago, procurando algo imutávelmente desconhecido cuja própria existência é tão rara quanto transformar ar em ouro.

Às vezes pode ser frio de noite, mas nada se compara ao frio em mim. Às vezes pode ser tremendamente incrível, andar perante folhas de outono, em uma estrada deserta habitada apenas por luz entre as densas árvores e a deliciosa sensação de liberdade.

Entre tantas aventuras, repouso-me no perfume de belas damas, mas entre viagens e mais viagens, acabo por ver o quão solitário sou.

Um viajante do mundo, um viajante através da vida, porém, um viajante só.

É incrivelmente mais util, rápido, eficiente. Mas, quando se nota realmente o quão a solidão é profunda, é impossível não derramar uma lágrima sequer. Sou o que sou, visitante da vida, viajante das eras e espaço, profundamente solitário mas livre, livre para ser Eu.

Sou o Vento.

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