Morte & Tempo 4


Em uma tarde ensolarada de Março, próximo ao começo do mês, e aproximadamente no centro do distrito federal brasileiro, próximo à uma cidade chamada Brasília, existia um homem.

Haw'k, em seus trajes que prenunciavam uma ida à praia, nada mais, nada menos do que estava sentado tomando um sorvete, olhando através das ruas que preenchiam a asa norte. Aquela cidade, há muito o surpreendia, apesar de seu design nem um pouco parecido com um avião, ele ficava entusiasmado em ver como as coisas se decorriam na cidade onde a corrupção estalava em níveis cósmicos.

Olhou através de seus olhos escuros a rua à sua direita. Não era qualquer rua, tinha um nome estranho, se chamava "Sqn 111". Continuou observando quando dois carros negros, vindo de direções opostas, pararam próximo um ao outro, e ambos motoristas desceram. Um velho gordo barbudo e maltrapilho em um terno fino e uma adulta carrancuda de terno vermelho e cabelos que a transformavam em praticamente uma prostituta de um bordel bem sujo nos arredores de Brasília. Os dois se encontraram, e a mala que estava nas mãos da mulher passou para a do velho. No mesmo instante, Haw'k pressionou um dos botões de seu relógio negro, que servia para muitas coisas, menos para mostrar as horas, e duas dúzias de policiais federais surgiram de todos os lados.

Após alguns segundos, um dos policiais se direcionou para onde Haw'k estava sentado.

- Parece que foi mais um caso resolvido. - O policial, Sargento Almeida, como dizia em seu colete à prova de balas.
- Tão fácil quanto tirar doce de criança, como vocês dizem nesse país. - Haw'k mal virou os olhos para seu interlocutor, apenas deu mais uma lambida em seu sorvete.
- Sabe as implicações do que aconteceu aqui?
- Não me importam. Preciso de sua ajuda em uma coisa.
- Sim, claro... Foi o motivo de me ajudar...
- Preciso do que meu pai te deu cerca de 40 anos atrás, no Vietnã.
- Não sei do que está falando.
- Sim, você sabe, está usando ele nesse momento.

Sargento Almeida tentou encontrar uma posição confortável para se sentar, remexeu-se no banco, mas não encontrou e acabou dizendo:

- Seu pai tinha orgulho de você. Não deixe isso cair em mãos erradas.
- Você tem o mesmo discurso dele. Agora, deixe-me vê-lo.

O policial abriu o colete, abriu sua blusa e ainda retirou sua blusa branca que usava por baixo para não suar.
Revelou uma pequena bolsa da cor da pele, presa ao corpo cirurgicamente. De lá, retirou um relógio de bolso e o passou à Haw'k.

- Sabia que estava com você.
- Você sabe as implicações desse relógio?
- Implicações, implicações, minha mente juvenil não está pronta para pensar nelas. Tudo que eu quero, é resolver esse caso. E finalmente chegou a hora de usar isto.
- Melhor você... - Mas antes do policial terminar, Haw'k se levantou e foi andando até a avenida principal. Aonde deu sinal e pegou um táxi. "Melhor que ele saiba o que está fazendo" pensou Sargento Almeida.

Haw'k guardou o relógio no bolso da calça do lado direito, e esperou não ter perdido muito tempo. Estava na hora de finalmente entender o que havia acontecido em Paris.

Ele não sabia, mas caminhava rumo à sua morte.

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