Corra


Às vezes, tudo que quero, é sentir dor.

Às vezes, tudo que quero,
É continuar dando meus passos em direção à morte,
Continuar dando meus passo em direção à morte certa e dolorosa.

Às vezes, tudo que quero,
É me esconder dentro de mim, e permanecer lá, apodrecendo em minha carne inútil e fraca,
É nunca olhar pra trás, e viver como um ignorante, ignorante a vida.

Às vezes, tudo que quero,
É encenar, encenar tudo, a vida, encenar o amor, encenar os sentimentos, encenar quem sou,
Observar a vida passar diante de meus olhos, e viver cada segundo apenas esperando pelo seguinte,
Morrer me rendendo ao tempo, me rendendo ao deus tempo e toda sua força.

Às vezes, tudo que quero,
É tirar esse peso das minhas costas, o peso do mundo,
É ignorá-lo, e voar,
É me libertar das correntes que ainda me prendem.

Às vezes, a única coisa que penso é em vida e morte.
Na frágil mortalidade que faz nos permanecer nesse mundo.
E na ainda mais simples forma de nos tirar dele.

Quando não tive peso sobre minhas costas, perdi o rumo, perdi para onde ir,
E enquanto o tenho, ele esmaga meu peito, esmaga meu ser, esmaga minha vida.

Às vezes quero correr, pedalar, até o infinito, até os horizontes seguintes,
Até a vida me esgotar e eu me perder nos caminhos que a fazem ser a vida.

Ignorar os perigos, e vivê-los. Ignorar as dores, e vivê-las.
Ignorar o medo de viver a vida, e simplesmente vivê-la, apreciá-la, tocá-la, e se deliciar em sua presença.

Só se delicia da vida enquanto a têm.

Não há segundas chances.

Às vezes tudo que quero é continuar pedalando,
Até meu corpo se esgotar, e além,
Continuar pedalando até meu ser se esvair,
Continuar pedalando até o mais alto precipício,
Continuar pedalando até além dele.

Às vezes, eu só queria que a dor parasse.

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