Erik, The Red - 11

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Existia ao sul, uma trupe itinerante que viajava através dos vilarejos de nossa amada terra. Eu era novo, já havia perdido meus pais e morava na vila de Sólon. Não era tão novo que eu precisasse ainda que me guiassem ao lugares, nem tão velho que eu já pudesse me preocupar com batalhas. Fui até eles - a trupe itinerante - em uma tarde ensolarada, em meio as suas tendas que ficavam no limiar da cidade. Cheguei na clareira aonde a trupe estava e muitas pessoas estavam assistindo ao espetáculo. Apenas vi uma apresentação, e quando a vi, uma frase não saiu de minha cabeça: "Mostra-te tua verdadeira face, que te revelarei meu verdadeiro eu".

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Era uma belíssima noite naquela planície gelada. Após muitos instantes de perturbação e exclamações sobre o quanto havíamos sido ridículos na nossa campanha, Sólon finalmente havia ido se deitar em uma barraca feita com uma pedra extra que Ph'arux tinha consigo.

Enquanto todos dormiam nas respectivas barracas, eu estava admirando a lua em todos seus traços. Singela, distante e gélida. Apenas ali, nos espreitando durante a noite congelante na planície preenchida apenas com pouquíssima vegetação distribuída parcialmente pelas encostas dos distantes morros. Resolvi andar só durante à noite, precisava organizar algumas idéias.

Me levantei, equipado com minha armadura Hiperbórea, tomei todo impulso que podia e saltei silenciosamente, o mais alto que podia, em direção aos distantes montes. Fiquei muitos segundos no ar, subindo e indo em direção frontal, cobrindo rapidamente uma boa distância, e depois a mesma quantidade de segundos descendo, em direção ao morro mais alto. Caí em cima do morro, e a armadura absorveu todo o choque da queda rápida e mortal. Dali de cima, conseguia vislumbrar toda as planícies em volta. Observei o acampamento à cerca de 3 km da montanha, no meio da planície, em seguida olhei em direção ao nosso objetivo. Não estávamos perto, ainda precisava de um dia e uma noite inteira para chegarmos ao lugar onde Fábio indicara a presença da criatura que nos abordou naquela noite. Não sabia se podia enfrentá-la, sequer poderia pensar a extensão dos seus poderes.

Entre as muitas coisas que Sólon disse, uma delas foi que a criatura que procurávamos era um antigo deus que tiraram-lhe o nome e o baniram para a Terra. Inflado de ódio e raiva, seu corpo se consumiu em trevas e para muitos, apenas sua face era visível. Porém em Helgardh, em seu castelo, seu corpo tomava forma. Consequentemente era o único lugar que ele poderia ser ferido, porém não morto. Apenas uma coisa poderia matar um deus, segundo Sólon, e essa coisa seria uma Origith. Sim, isso mesmo, e se você estiver se perguntando porquê, saiba ele não explicou porque "nossas mentes primitivas não entenderiam". Basicamente é uma pedra. E bem feia aliás. Não é uma pedra polida ou nada disso, é apenas uma pedra preta e cheia de poros.

Olhei para a lua, estava realmente bela nessa noite. Me sentei em meio a neve, e liberei mentalmente um pouco da pressão da armadura sobre meu corpo, para que eu sentisse o singelo toque da brisa noturna. Existiram dias em que tudo o que queria era paz. Mas nada traz paz. Tudo, ao que me parecia naquele momento, era que a paz só traz guerra, e as guerras trazem paz, mesmo que seja a paz da morte. Senti que o peito começou a se esfriar demais, e aumentei mentalmente a pressão de Hiperbórea sobre mim. O horizonte estava banhado pela noite escura. Então decidi, era demais para ombros além dos meus.

Me levantei e saltei novamente ao acampamento.
Precisava encontrar a pedra. Infelizmente, não esperava o encontrar ali.
- Boa noite, senhor Red.
- Boa noite Sólon. - Ele estava sentado em uma pedra de neve densa feita recentemente, em suas habituais vestes negras.
- Imagino que esteja procurando por isto. - Ele abriu a mão e mostrou a pedra.
- Não, apenas quer... - Percebi rapidamente que qualquer coisa que eu falaria, não "dobraria" o homem mais inteligente do velho mundo - Sim, estava procurando por isso.
- Então tome... - Ele atirou a pedra para cima na minha direção e a peguei no ar - Vá logo antes que amanheça.
- Como você soube?
- Não te interessa. - Não foi realmente uma resposta má-educada, ele só não tinha muita paciência para explicações.

A pedra estava na minha mão, afrouxei levemente a armadura, e a joguei para dentro, perto do pedaço de seda com o perfume de Cristiane. Sólon já havia entrado novamente em sua cabana. Tomei fôlego e saltei novamente na direção das montanhas. Mas dessa vez, não parei, e continuei na direção de Helgardh.

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