Erik, The Red - 12


Saltei novamente. Já faziam duas semanas que pulava naquela direção. Em direção a Helgardh. Provavelmente os outros estavam uma semana atrás, pois eu não havia parado nenhuma vez sequer para comer, beber água ou dormir. A distância era grande, e de alguma forma parecia que era maior do que a distância que eu esperava que fosse.

Pensei sobre Cristiane e durante alguns instantes, meus ombros pesaram e comecei a me preparar para cair. Mirei em uma clareira ampla no meio de uma floresta coberta com neve. Quando pousei, mesmo que Hiperbórea tenha absorvido bastante impacto, um pulso forte derrubou a neve de todas as árvores que margeavam a clareira circular.
Durante alguns instantes, permaneci de olhos fechados. Algo estava errado ali. As vibrações vitais do tempo-espaço provocavam algum efeito sobre a armadura. Você deve estar se perguntando como sei disso, bem, eu sei, confie em mim. Então abri os olhos.

--

De alguma forma eu ouvi:
- Ahhhhh.
Olhei à minha volta, e centenas de machados estavam apontados para mim. Em cada um deles, uma inscrição ou marca mágica estava gravada. Aquelas inscrições me revelaram quem eram, minha raça.

- Saúdo minha raça! Saúdo o povo Viking! Saúdo Odin e Thor! - gritei com voz firme.
- Bem-vindo a Helgardh, Ruivo - Uma voz que não pude ver disse atrás da multidão de machados - Meu velho amigo.

No mesmo instante reconheci aquela voz. Os machados foram abaixados e as pessoas abriram espaço para que ele viesse até mim. Eu seu rosto ainda existiam as mesmas cicatrizes, mas seus olhos estavam puros, sem a maldade que o levara a morte, sem nenhuma maldição.


- Gabriel! - Corri para abraçá-lo, afinal, um Viking pode ser grosso, mas sabe o que é um amigo real em uma batalha fatal.
- Você morreu Erik?
- Não, vim resgatar Cristiane.
- Cristiane morreu? - Fiquei parado diante dessa pergunta, nunca havia pensado nessa possibilidade, mas antes de que eu ficasse mais triste, Gabriel notou meu semblante se escurecendo e se corrigiu - Ora, me desculpe. Aqui é Helgardh, o começo e o fim de todos, milhares de anos passam ou apenas um dia, não faz diferença, nem a vida faz.
- Pretendo resgatar Cristiane. Ela foi sequestrada.

Nesse momento, as centenas de machados e pessoas desapareceram num piscar de olhos. Gabriel permaneceu com sua besta amarrada ao seu cinto de couro que estava muito lustroso. Um vento soprou na clareira, preenchendo o leve silêncio. Gabriel continuou:
- Depois da vida, ninguém luta aqui. Pensávamos em morrer por honra enquanto vivos, almejando alcançar o salão dos heróis em Asgard, e viemos para cá.
- Gabriel, sentimos sua falta.
- Eu sei. Venha comigo, te levarei ao castelo.
Ele se virou e começou a ir em direção a um canto da clareira intransponível por causa da quantidade de árvores. Me adiantei e comecei a caminhar ao seu lado. Quando estávamos quase batendo de frente com as árvores, um caminho que começava estreito e ficava largo se tornou visível.
- Como você ficou doente? - Me perguntei como ele sabia disso.
- Fiquei tempo demais em um lugar só.
- Hiperbórea deve estar falhando - Quando ele disse, notei que realmente estava.
- Ele parece estar um pouco mais pesada.
- Aquela clareira que você estava era a porta de Helgardh. Após entrar aqui, o único modo de se movimentar é andando. Ficamos vendo você pular durante três dias seguidos na clareira, achando que estava se movento. Foi engraçado, fizemos algumas apostas. Além disso, é importante você saber, que no momento em que entrou aqui, sua armadura começou a perder a mágica presente nela, veja essas inscrições nela, estão se apagando.

Não havia notado - ou então não eram visíveis antes - as inscrições e sinais de runas especiais tão antigas quanto o tempo-espaço que se misturavam no metal negro da armadura.

- Acho - continuou Gabriel - que você deve se apressar. Basta seguir por esta estrada, não pare por nada, nem ninguém. Não coma nada, nem cheire nada, desconfie de tudo. Nós, Vikings vigiamos Helgardh, porém tudo aqui é infinito, e nós não somos infinitos. Vigie seu caminho e seus passos - neste momento ouvi risos infantis através das árvores da floresta - E diga a Fábio, que a família dele, o espera.

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