Palavras Jogadas no Papel ao Som de Um Piano




"Era uma vez". 
Todas as histórias que começam assim já nos dizem que algo se foi. 
O tempo; amores; amizades; paisagens; cenários. Tudo se vai um dia, e isso não se traduz em melancolia. Talvez, em nostalgia. 
Mudamos, junto com o mundo, com a nossa áurea. 
Quem você foi há três anos atrás? Quem você é agora? Quem será daqui um tempo?
Era uma vez, era uma criança. Sonhava em ser bailarina, sonhava também com outras coisas. 
Então cresceu e começou a querer construir casas. Cresceu mais um pouco e quis viver falando da história do mundo e dos homens. 
Parou de crescer, e decidiu ouvir corações ao som de um estetoscópio. Pensou, então, "e se eu tivesse sido bailarina?" 
Uma vez, um dia, era? Não foi. 
Só saberemos a resposta no final, se acertamos ou erramos, em meio a tantos caminhos, desvios e imprevistos.
Parece injusto, mas assim é o mundo. E só no final voltaremos toda a trajetória em nossas mentes, onde pensaremos no começo.
Será que faríamos diferente? Algumas perguntas não tem resposta. Mais uma vez, o mundo se mostra injusto.
Mas o que é justo, afinal? Em meio a tantas filosofias, a justiça, muitas vezes, se encerra em hipocrisia.
Quem não achará em sua própria história uma brecha de erro, um caminho mal traçado?
Conte sua história a você mesmo e muitas dúvidas irão surgir.
Se isso não acontecer, a comodidade já haverá de ter tomado as rédeas do caminho.
Pois o melhor dos sonhos é aquele que não se pode alcançar. Quem sonha com o alcançável, logo o achará e se estagnará no contentamento vazio.
Mas quem tem o desejo idealista de um sonhador, sempre viverá com um propósito.
Tentará chegar mais perto do sonho grande, voando num balão de ideias insanas; insanas a  vista dos olhos de quem vive no império da concretude.   
Mas o que restará dos sonhos já abandonados? 
Apenas lembranças de um momento hipotético, dos giros de ballet em um teatro dourado, de passos nunca dançados.
Onde os sonhos morrem? Eles nunca morrem enquanto vivemos, só morrem conosco.
Pra onde eles vão? Se tornam fantasmas presos em gavetas da mente, que saem nas noites de solidão e calmaria, e vão a assombrar os que já vivem em contentamento.
Qual é o seu "era uma vez"? 

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