Verde-azulado


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Onda após onda, no que acreditamos agora? Todo controle escapa às mãos. É inevitável e inadiável. Perdemos quem somos nos pequenos sinais que a vida deixa, nas cores que brincamos de criar e nas tantas palavras que perdemos tentando nos comunicar. Às vezes quando me encontro num ambiente com tantas pessoas, tento entendê-las de alguma forma, observá-las se comportando. Agora por exemplo, estou numa grande biblioteca. Apenas nesse andar ela deve possuir 10 metros de altura e ela está cheia de pessoas com suas pilhas de livros, papéis, canetas e alimentos. Os rostos das pessoas são variados, diversos lugares do mundo, diversos traços e pequenos jogos de personalidade.

Alguns observam suas telas com atenção, outros ficam no celular. Há garrafas de água e latas de energético na maioria das mesas. Os lápis passeiam pelas linhas de cada folha. Alguns como eu, observam lá fora. O anoitecer chega sem carinho. O azul violeta banha as fachadas dos prédios, pinta os pássaros enquanto o vento movimenta as pequenas árvores aqui e ali.

Onde foi que me perdi? Que deixei de saber quem era pra me tornar alguém misturado aos desenhos nas paredes, aos risos loucos, aos gritos suados e choros surdos. Pensava como nesse ano pela primeira vez a vida começa com um sustenido. Mudando todas as notas musicais de lugar, com todos os instrumentos precisando ser re-afinados. Como se tocássemos sempre essa música que ninguém ouve, sabe a letra ou como tocá-la. Essa música da vida, incrivelmente caótica e intensa.

Afinal talvez as pessoas não saibam nem mais nem menos que outras. Talvez no caminho todos só escolham pelo que mais os interessa, o que os dá prazer ou o que são obrigados a escolher.

Realmente importam? Essas histórias vividas nesse pequeno planeta verde-azulado?

Avant et après des vagues incessantes.

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