Asteroide B 613

Havia um certo tempo que me perguntava sobre a nossa existência, se somos reais.

Deslizava pelas ruas, pensando governar minha própria vida.

Pensava que os sorrisos eram sempre verdadeiros e a existência era tão simples que se poderia respirar profundamente, sem se preocupar com os dedos escorrendo pelo meu corpo de vidro.

É como quando a via... me tornava um pouco mais quebradiço.

Quão longe um homem pode ir, do lugar de onde nasceu? Ele pode entrar em um navio e queimar, do próprio peito, as lembranças de quem um dia foi. Mas seria possível saber se o peito, ao fim da queimada, estaria completamente novo?

Eu a vi hoje. Ela dançava com sua expressão corporal pura. Dançava com seus sentimentos. Eram sentimentos monstruosos, mas inocentes. A forma de sua alma ficava escondida por baixo de algumas camadas transparentes. Elas estavam lá... uma bailarina de cristal, com a alma e asas presas dentro da pele translúcida.

O que fazer quando seu corpo é transparente e sua bela alma tenta se libertar ao dançar?
Não sei. Vou perguntá-la, se conhecê-la. Provavelmente nunca.

O que você é? O que eu sou? Porque, desde que entrei nessa Universidade, o tempo é pura destruição? Eu que tomei essa escolha? Penso se estamos abandonando quem deveríamos ser.

Penso se estamos matando quem devíamos salvar.

Ao final, vou até o lugar em que Norte fica ao lado do Sul e olho para a escuridão da janela onde meu pequeno asteroide B 613 se encontra, orbitando o puro vazio. Me pergunto se haverá fim.

Ou se após tudo isso, a paz trará....
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