História Experimental: Não é mais preciso fugir

Eu a conheci na chuva.


Não que isso mudasse o fato dela ter batido o carro na traseira do meu.

Esse fato apenas aumentava um pouco da raiva que sentia... antes de descer do carro,
e vê-la.


Ela estava lá. Parada. Olhando pra mim preocupada, enquanto a chuva molhava seus cabelos, grudando-os em seu rosto.



Aqueles cabelos negros e aquela tempestade castanha de seus olhos...



Eu não soube o que dizer na hora. Eu não sabia sequer se meu carro havia realmente batido.



O que eu pude fazer foi olhar pra ela e me perguntar onde ela estava esse tempo todo, e porque apenas um acidente tão bobo me faria conhecê-la.



Eu não sei mais. Não sei mais se existem coisas certas, erradas e uma linha supostamente grossa entre ambas.



Naquele momento quando eu a olhei através dos pingos da chuva fria que caía naquela manhã e senti sua voz preocupada sussurrar que iria perder a carteira provisória, tudo que eu queria fazer era abraçá-la. Pedir que ficasse mais um pouco.



Talvez enrolar e dizer que... eu que tinha batido nela e não ela em mim... ela não devia se preocupar e ir para aula, como um dia qualquer... mas... eu queria ficar. Eu quero ficar.



Pela primeira vez na minha vida inteira, eu não quero ir pra nenhum outro lugar.


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