Paris, 9 de março de 2018


Acho que o maior problema em relação ao que sinto é a solidão intensa. Não é como se os poucos momentos que estive aqui parado pensando na vida fossem realmente essenciais. Parece que os outros estão cada vez mais distantes, um pouco mais perdidos no tempo e afastados de mim. Queria saber mantê-los próximos, como se fôssemos sempre amigos sabendo nos amar sem se cansar. Talvez o que eu queira dizer é que sinto sua falta e é como se realmente me faltasse ar. Pego a bicicleta todas as manhãs, andando pelas ruas esperando te encontrar. Passo sob chuva, xingamentos, pessoas más e toda falta de esperança perdida no tempo que não temos pra respirar. As aulas passam rápidas, as janelas sujas por pombos que não sabem onde deveriam estar. 

Paris é uma cidade perdida num mundo isolado em que todo ser pretende manter seu egoísmo até enfim se pulverizar. Observo os computadores à minha frente, meus amigos acessando a internet, buscando passagens para viajar para lugares que nunca antes estiveram. Fico pensando se eles, existindo dessa maneira, conhecendo diferentes prédios, relevos e combinações de cidades, rostos e vidas terão uma experiência real sobre o que é, mas principalmente quem eles mesmos são. 

Se todo esse urbanismo fosse feito por robôs... Pena que tudo é uma mentira gigante, não estamos isolados. Tudo se transforma, tudo se cria e tudo se perde pelas mãos humanas. Pedras não sobem montanhas nem sabem interpretar o Universo. As pessoas que as conceberam são os verdadeiros construtores da realidade. Meu enigma atual é que não vale a pena ir aos lugares e sim ir até as pessoas. É de gente que precisamos. Pessoas boas em todas as nações, em todas as partes, todas as línguas e almas.

É a única coisa que pode salvar a humanidade de si mesma. Realmente não é o grito dos maus que me assusta, mas sim o silêncio dos bons.

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