Um estudo sobre o amor : Ojos Color Sol



Quem seríamos nós sem um pouco de caos, um pouco de projeções e terrores.
Hoje me sinto seguro pra contar uma história.

Conheci ela no ensino médio, em um simples "coup de foudre" sabia que meu mundo mudara. Talvez o que mais atraísse nela fossem os olhos perdidos, o rosto com um sorriso escondido, os olhos cheios de sonhos... Na verdade, acho que eu amava tudo nela. Era um misto de quem ela era, com o que ela me provocava aqui dentro. Eu sei bem quando a vi pela primeira vez, o instante me provocou enorme impacto. Comecei a ter sentimentos que não entendia.

Eu queria tudo aquilo pra mim. Eu era mais jovem que hoje. Minha mente era outra. Na minha mente, as pessoas pertenciam umas às outras, como colecionáveis.

Veja bem, pra mim, a vida social nunca foi natural. Nunca entendi como as outras crianças se reuniam no recreio, brincavam com seus jogos, iam na casa uma das outras ou ligavam umas pras outras. Nunca foi natural pra mim. Cada ação, cada sorriso e pequeno gesto eram conscientes. Os gestos copiei de vários amigos ao longo do tempo, as palavras, sorrisos, copiei de quem gostava do sorriso. É como se eu precisasse estudar muito sobre a humanidade para entender o que é ser humano. Sempre me vi como um outsider e talvez por isso estivesse sempre sozinho. Mudei todos esses anos diversas vezes, cortei o cabelo de várias formas diferentes, fiz e deixei por fazer a minha barba... o que fosse mais confortável aos meus interlocutores.

Mas aquela menina, aquele instante, quem era ela? Que provocava algo tão intenso dentro de mim? Talvez tenha sido a primeira vez que eu soube e mesmo tempo não soube o que fazer. A primeira vez que eu era igual a todo mundo, era humano. Era natural. Éramos novos e a família dela era bem restrita, mas conseguimos conversar e conversamos durante tanto tempo pelo MSN. A conversa fluía. Era a primeira vez que a conversa fluía com quem quer que seja. Acho que nos falamos por quase 2 anos inteiros, depois da escola até de noite. Nos afastamos mais tarde, ela se mudou de escola e eu cometi alguns erros de julgamento.

Era 2008, eu ainda escrevia textos em um diário - e ainda escrevo. Mas me lembro que o texto "Amor" foi uma parte sobre o que comecei a sentir naqueles anos.

Os anos passaram, e ela ia fazer 18 anos. Era meio que uma idade importante, porque o pai dela apenas deixaria ela namorar com aquela idade. Só que realmente, o tempo passou. E nesses anos, mudei muito. Acreditei que talvez déssemos certos. Na época, infelizmente, eu estava com outra pessoa. E então Menti. Criei machucados, pela primeira vez, criei Dor.

Mas a memória dela sempre permaneceu intacta dentro de mim. Queria aquela relação de curiosidade em relação à tudo que estava ao nosso redor de volta, queria viver aquele sentimento de descobrimento. Então corri atrás, busquei todas as chances que encontrava de mostrar à ela que a amava mesmo que estivesse Sem Segundas Chances. E nos curamos, através de um mar de Cicatrizes. E ah! O amor! Como é bom senti-lo e vivê-lo.

E meus segredos me massacraram. Nunca menti tanto ou escondi quem era. Não acreditava que ela aceitaria quem eu havia me tornado, então tentei ser quem ela havia conhecido. Foram 1 ano e meio no Anoitecer da minha alma. E então, chegamos à história da libertação e destruição de tudo: Erik, the Red. Ao final dela, terminaríamos. Era o único jeito que eu poderia sobreviver. Eu passei por todos os sentimentos, Arrependimento, Monstros, Dor e Boa noite.

Eu cheguei ao Fim. Apaguei as luzes, fechei os olhos e tudo que eu via eram seus olhos e tudo que eu ouvia era a tempestade rugindo lá fora.

Perdão pela expressão, mas puta que pariu, como doeu. Doeu 2013, Doeu em 2014, Doeu em 2015 e só em 2016 que comecei a ver alguma luz. Foi profundo, dolorido e tortuoso.

Nossa.

Quando eu olho aqui pra dentro do peito e lembro de como era antes...

Conheci muitas pessoas entre lá e cá. Cada história foi realmente única. Depois do trauma que causei e vivi com ela, tentei sempre prestar mais atenção em ser realmente eu. Em expressar meus sentimentos e ser sincero sobre o que sentia. Nas palavras dela, no nosso último dia juntos "Não faça isso com mais ninguém". Uma das vitórias dessa superação - e faz já um tempo que estou assim - é que consigo ver uma foto sua sem tremer, não fico profundamente triste e culpado por tudo que fiz. Ainda penso, vez ou outra, em tudo que aconteceu. Revisito algo que ainda não revisitei. Mas se tornou tão raro. O tempo realmente passou e consegui me resolver.

Reflito também em como essa experiência afetou profundamente quem sou e quem quero ser. Em como consegui sair desse estado profundo de destruição até aqui. Em todos que me ajudaram pelo caminho, até completos desconhecidos com palavras de carinho.

Não sei.

Acho que não há o que saber também. É natural. Pela primeira vez, talvez, depois de todos esses anos. Eu percebo mais uma vez que sou parte da humanidade afinal. Nessas milhares de coisas que não notamos, em que agimos sem pensar no outro. Um olhar capta tão pouco do que acontece ao redor. Meus olhos não perceberam na época que o mais belo em tudo aquilo não eram os momentos em que nos colocávamos, eram aqueles momentos em que chegávamos tão perto que um podia ver a solidão do outro e ainda sim, sorrir.

Por mim, acredito que o amor é natural. Não é toda essa idealização feita pelas músicas, nem tudo que sonhamos que um dia venha a acontecer. Sinto que amei de verdade, depois de todo esse tempo, porque sei que se em algum dia encontrasse sem querer com a Cristiane no meio da rua, eu sorriria. Perguntaria como ela estava com um carinho imenso que guardo no peito. Quem sabe até ir até um café, falar sobre o que vivemos depois de tudo que aconteceu, colocar os pingos nos i's sem pingos (se ainda tiverem alguns), mas principalmente falar sobre o futuro. Sobre onde queremos chegar.

Foi imenso. Foi incrível. Uma das histórias que mais amei viver.

Obrigado.

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