Primeira Opinião


Há muito tempo atrás, eu demonstrei minha primeira vontade, minha primeira opinião.

Não lembro dos instantes que me levaram a tal lugar, mas lembro dos instantes em que eu estava lá.

Era uma loja de cabeleireiras. Eu tinha cerca de 5, 6 anos e minha mãe que havia me levado estava esperando que eu terminasse o corte. A luz estava turba, e transmitia que o lugar estava abafado, quente. E realmente estava. Não me lembro bem do cenário, mas me lembro de estar sentado cortando o cabelo.

Em uma dada altura, a mulher que cortava meu cabelo, empurrou, nem tão vagarosamente, a minha cabeça para frente, pedindo que eu permanecesse com o queixo no peito, para que ela passasse a gillete fazendo o "pezinho".

Então uma sensação ruim surgiu. Comecei a respirar mal, e eu me senti sufocado de um jeito que nunca sentira antes, oprimido, preso.

Eu não aguentei. Dei um grito, tirei o avental de cabeleireiro, levantei da cadeira e saí correndo, deixando tudo para trás, tudo que me sufocava, que me prendia.

Sou assim, fujo do que me prender, me arramar à algo, me ferir, me oprimir.

Obs.:

Parei alguns minutos depois, próximo a escadaria de algum lugar, cujo qual não me lembro, com lágrimas escorridas lateralmente no rosto, de tanto correr.


Minha mãe me achou, me disse para nunca mais fazer isso, pois ela tinha ficado preocupada. Perguntei porque ela havia demorado a ir me buscar, ela disse que estava pagando pelo corte.

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