Erik, The Red - 10

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Dizem que a segunda vida é melhor do que a primeira se você for bom. Pena que para homens mortos, bondade não exista.

A ponte das espadas, a estrada que levava até a porta da morte, parecia cheia aquele dia. Tão cheia que senti o golpe forte no meu rosto com toda a vida que restava em mim.

- Erik! Acorde homem maldito! - Ouço Fábio gritando através do sol - Acorde seu doente! Porque não me diz o que está acontecendo!?
- Mãe, é você? - Fábio me dá um chute forte no meio do meu rosto, que acerta em cheio meu nariz, dói muito no começo, mas Hiperbórea o cura rapidamente.
- Segui seus passos, seus rastros e o que encontro? Uma mancha branca e vermelha quase sem vida. - Percebi que devia explicações para ele.
- Estou doente, se retirar Hiperbórea, eu perco minha vida.
- Porque retirou então seu imbecil? - Fábio me olha, mas já sabe a resposta. Uma resposta que meu orgulho não me permite dizer.
- Tudo bem então - Ele diz - Não me interessa, vamos andando, o caminho é longo. Não se esqueça o motivo de estarmos aqui.

Já andávamos a cinco dias, dormindo durante a noite, e percorrendo distâncias quase infindas durante o dia em direção ao nordeste que estava coberto de horizonte até horizonte de neve. Mal sabia o que nos aguardava, mal sabia que tudo que sempre lutamos e buscamos acabaria naquele dia, se soubesse o que nos aguardava além daqueles horizontes... Porém não sabia. E corremos. Corremos em direção ao caos.

--

Os terrenos estavam cobertos de neve, e nossas armaduras, mesmo nos levando tão longe através das nossas próprias forças ampliadas, começavam a pesar mais do que deveriam. Atravessamos uma distância grande o bastante para considerar seguro descansar. 

Enquanto corríamos, Fábio havia me dito sobre a pista que encontrara. Além das montanhas geladas, do outro lado de nosso mundo existia todo um povo que morava em montanhas verdes e alguns pântanos gelados. Esse povo havia visto uma mulher andar através das nuvens negras do céu - pelo que ele entendeu - e começaram a adorá-la por pensarem ser uma deusa ou algo do tipo. Porém, próximo a ela, estava um rosto negro que parecia controlá-la, moldá-la e torná-la parte de si.

Fábio me explicara que resolvera voltar para me pegar antes de seguir na direção que o povo apontou. Conseguiu andar pelas montanhas geladas durante dias e dias rapidamente, e encontrou os melhores caminhos dentre os vales de rios congelados, pelo qual nos guiou com destreza.

Havíamos feito uma pequena cabana formada com a armadura de Fábio. Ele descobriu também que Hiperbórea podia se tornar coisas além da armadura. Disse algumas coisas que fez com a armadura, e achei realmente interessante, não sabia que se estendiam para tantas possibilidades. Disse-me que certa vez, quando andava através daquelas montanhas, alguns reptilianos brancos, adaptados para essa região o atacaram, e ele conseguiu vencê-los, fechando completamente a armadura, até mesmo suas mãos e a espada. As espadas ficaram mais afiadas e suas mãos mais firmes ao segurá-las. Cortaram como manteiga os inimigos.

Nas montanhas geladas, naquela época não anoitecia tanto quanto quereríamos, então quando a noite veio e ouvimos o barulho dos céus se partindo tínhamos um motivo bem grande pra ficar preocupados.

Fábio transformou diretamente de cabana para armadura, outra coisa que eu não sabia. Olhamos para o céu, e percebemos simultaneamente que nossas armaduras negras nos tornavam alvos fáceis naquele grande vale de neve. Vimos uma grande forma branca pairar diante dos céus, atravessar rapidamente as distâncias entre as nuvens e estrelas daquela noite clara. Parou bem acima de nossas cabeças, e andamos para o lado para desviar do pouso daquele pássaro branco.

Rapidamente se transformou em uma bola branca que parecia quase invisível na neve e descia levemente do céu. Assim que tocou o chão, a bola branca se transformou em uma armadura fechada e branca, muito parecida com Hiperbórea, mas também de alguma forma, muito mais forte. Podia sentir seu poder emanando através do ar frio, aquecendo a neve a sua volta e a derretendo levemente. Então de súbito o capacete se abriu, e eu vi.

Ph'arux. Tinha vindo nos ajudar, e não estava sozinho. Sólon saiu de trás dele, nos olhou e disse:
- Inúteis.

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