O que os monstros comem


As gotículas de chuva entram pela minha janela. Não penetram somente em minha pele.
Penetram na minha alma, ou pelo menos, o que resta dela.

Me levanto de meu canto entre duas paredes perpendiculares e olho através da janela.
Ela espera por mim lá fora. Consigo vê-la cada vez mais próxima: A escuridão cobrindo os horizontes.

Então a chuva começa a cair e me chama para sentir o que há de mais maléfico em mim.
Meu monstro ruge através dos céus. E o clamor da terra paira sobre mim.

Eu o libertei.

O eterno monstro que vive dentro de cada um de nós. Olhar em seus olhos é como encarar a morte,
Sentir a sua raiva é penetrante e profundo. Ver a existência através da sua visão é cruel.

Porém, meu monstro não vai embora.

Nunca irá. Ele está preso a mim, e estou apenas levando ele para passear.
Eles tem apetite voraz, e não fica satisfeito com o que uso para alimentá-lo.
Parece querer um pouco mais, querer além da minha alma... Ele quer meu coração.

É uma vontade tão segura. Tão profunda, tão única. Uma vontade que permanece ali. Parada no canto do quarto. Sedutora.

Encontro algo com que o alimentar. Porém, ainda não é o suficiente.

O que quero é algo além. Algo não visto, tão pouco falado.

Olho para o céu novamente, as gotículas se tornam mais fortes, e eu fico preocupado se meu querido monstro pegar gripe.
Chamo ele, mas ele continua a brincar lá fora. Continua devorando as nuvens, pessoas e vidas. Ouço os gritos desesperados,
Mas não a nada que posso fazer.

O monstro de cada dia, deve para sempre viver.

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